Tenho visto muitas mulheres rasparem o cabelo nessa quarentena e isso me lembrou a minha primeira vez...
Há dez anos, morando em Lisboa e passando por uma crise emocional, eu sentia a necessidade de mudar tudo, a começar por minha aparência.
A vontade de me ver sem cabelo já era antiga, mas nunca tinha sido encorajada pela minha mentora espiritual, ela dizia que a nossa força está nos cabelos (como na história bíblica do Sansão ) e que por isso, raspá-los totalmente não era qualquer coisa, não poderia ser um ato em vão.
Os anos se passaram e a vontade nunca me abandonou. Lembro de ter saído de pijama mesmo, entrado no primeira barbearia aberta. O senhor que me atendeu se recusou. Disse que não poderia fazer isso com um cabelo tão lindo. (Fofo, mas não nasceu para a profissão. Onde já se viu? ) Pois, eu tive que insistir, dizer que estava determinada e tinha que ser naquele momento.
Enquanto o cabelo ia embora eu mantinha os olhos fechados e pensava: será que eu realmente perderia a minha força? E o que era essa força? A sedução? Hum, eu estava preparada para me achar feia, não curtir o visual e isso não me coloca nenhum medo naquela altura. O propósito não era mudar pra ficar mais atraente para os outros.
E então somente quando tudo acabou e eu abri os olhos eu percebi. Eu estava limpa. Renascida. Como um bebê que acabou de chegar, mas com a consciência da mulher que eu era.
Me senti mais poderosa que nunca. Mantive a careca por 2 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário